quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lula diz a tucanos que aceita CPMF só por um ano (Do Blog do Josias)







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Josias de Souza - Nos bastidores do poder

Presidente se dispõe até a assinar ‘carta-compromisso’

Horas antes do início da votação da emenda que renova o imposto do cheque até 2011, Lula continua empenhado em atrair o apoio do PSDB. Dispõe-se agora a assinar um documento comprometendo-se a aceitar um prazo de vigência de apenas mais um ano para a CPMF. Nesse período, governo e Congresso negociariam a aprovação de uma ampla reforma tributária. Reforma que passaria inclusive pela rediscussão da própria CPMF.

A carta-compromisso de Lula conteria, de resto, a reiteração da promessa feita na véspera ao tucanato: o governo asseguraria o repasse do equivalente a 100% da arrecadação da CPMF à área da saúde. A nova oferta é definida no Planalto como algo “irrecusável”. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), pensa diferente. Mas parte de seus 13 “liderados” balança.

Nesse instante, o que impede o PSDB de despejar votos no cesto do governo é a teimosia de seu líder. Enrolado na bandeira da resistência, Virgílio ergueu em torno da bancada de senadores uma barricada. Seu principal adversário não é Lula. Guerreia sobretudo contra os dois presidenciáveis de seu próprio partido: José Serra e Aécio Neves.

Favoráveis à aprovação da CPMF, os governadores de São Paulo e de Minas pressionam os senadores, desde a semana passada, para que revejam a decisão de enterrar o imposto do cheque. A pressão cresceu no final de semana. E passou a roçar as fronteiras do insuportável na noite passada.

Favoráveis à aprovação da CPMF, os governadores de São Paulo e de Minas pressionam os senadores, desde a semana passada, para que revejam a decisão de enterrar o imposto do cheque. A pressão cresceu no final de semana. E passou a roçar as fronteiras do insuportável na noite passada.

Até senadores como Marconi Perillo (PSDB-GO), que antes soavam irredutíveis, agora balança. Ex-governador de Goiás, Marconi chegou mesmo a reunir-se em segredo com o próprio Lula. Deu-se na manhã desta terça-feira (11), na residência do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM).

Inicialmente, informara-se que só Lula e Arruda haviam participado da conversa. O blog apurou, porém, que o senador tucano também tomou parte do encontro.

Na manhã desta quarta, Virgílio assegurou ao DEM, parceiro de oposição do tucanato, que os 13 senadores do PSDB mantinham o compromisso de votar contra a CPMF. A pressão sobre Virgílio é, porém, intensa.

Para o líder, os acenos do governo chegam fora de hora. Deveriam ter sido feitos no início das frustradas negociações tucano-governistas. O aumento dos repasses para a saúde e a limitação da vigência da CPMF a um ano eram, aliás, as duas principais reivindicações do PSDB.

Agora, acha Arthur Virgílio, se o governo não tiver votos, o melhor que tem a fazer é esquivar-se de ir para o tudo ou nada do plenário. Eximindo-se de votar, o consórcio governista viraria o ano sem CPMF. Amargaria uma derrota para a oposição. Mas abriria, já no início de 2008, uma negociação franca com todos os partidos, inclusive o PSDB.

Na prática, aceitar agora a proposta feita por Lula significaria dar ao presidente um enorme voto de confiança. A emenda a ser analisada pelo plenário do Senado daqui a pouco, às 16h, renova a CPMF até 2011. A vigência de um ano constaria apenas da tal carta-compromisso de Lula.

Logo, logo os senadores serão confrontados com a hora da verdade. Se for mesmo à sorte dos votos, como prometera na noite passada, Lula saberá quão forte é o seu poder de sedução. E a oposição terá condições de checar no painel eletrônico do Senado quem tem e quem não tem palavra.

Escrito por Josias de Souza às 15h17

Fonte: Blog do Josias

http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2007-12-09_2007-12-15.html#2007_12-12_15_17_56-10045644-0